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A Prefeitura de Niterói desenvolve desde 2011 o Projeto Orla, que prevê a urbanização na orla da cidade. A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Pesca e Abastecimento anunciou, no mesmo ano, um estudo para levantar as necessidades de melhorias, além de disciplinar a ocupação e valorizar o aspecto visual da região. A área considerada para o projeto envolve a Lagoa de Itaipu, onde está a Colônia de Pescadores Z-7 (Niterói e Maricá).

Muitos moradores da Colônia não aprovam essa iniciativa do governo porque, segundo eles, implicaria em remoção de várias casas e famílias ali estabelecidas. Desde então, os moradores organizam atos de resistência, contando com apoio de outras instituições, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Uma destas atividades foi a Marejada Cultural, que ocorreu nos dias 27 e 28 de junho e contou com o apoio do Museu de Arqueologia de Itaipu (MAI).

Em defesa da memória da pesca artesanal

O museu tem uma importância profunda na história da comunidade. Em declaração publicada pela assessoria de comunicação do MAI, a diretora Eunice Laroque declarou: “O Museu tem o dever de reforçar a memória das comunidades de pesca artesanal”. Quando um museu, uma escola ou um teatro é obrigado a sair de um lugar, o mais comum é dizer que o local perde aquela instituição. Se os moradores de Itaipu forem retirados, ambos perdem: o museu perde a comunidade e a comunidade perde o museu.

A trajetória do MAI começa com a história do Recolhimento de Santa Teresa, fundado em 1764 e que servia para abrigar mulheres que pretendiam seguir a vida religiosa, órfãs, mulheres que haviam engravidado ou mantido romances antes do matrimônio, viúvas, além daquelas que eram levadas para lá quando os pais ou maridos saíam em viagem.

A história do prédio foi marcada por ocupações e disputas de posse. Chegou a ser abandonado mas depois ocupado por pescadores da região que passaram a habitá-lo e a utilizá-lo como espaço para tingimento das redes de pesca. No entorno da muralha registrou-se também uma aglomeração de residências de pescadores.

Tombado e transformado em museu, o MAI tem um acervo institucional composto majoritariamente pela coleção Hildo de Mello Ribeiro. O Museu conta ainda com uma canoa de jequitibá, doada em 1979, pela colônia de pescadores local, cuja construção remonta ao século XIX. Até aquela data, ela fora utilizada como cocho para tingimento das redes de pesca, tendo pertencido a seu Vavá, um pescador da região. É comum, ainda hoje, a doação de objetos arqueológicos e de pesca encontrados nas cercanias do Museu por moradores da colônia.

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