Publicado em 2 de setembro de 2016
Protegida pelo sambaqui Duna Grande, a comunidade pesqueira de Itaipu tenta resistir à especulação imobiliária que assombra a região desde o loteamento da antiga fazenda de Itaipu, na década de 40. De acordo com Eliana Leite, representante da ALPAPI (Associação Livre de Pescadores e Amigos da Praia de Itaipu), o tombamento do sambaqui e sítio arqueológico de oito mil anos ajuda na luta pela permanência dos pescadores artesanais no local. “O sambaqui e o museu arqueológico, de 1970, seguram bastante a especulação imobiliária, mas sempre tem gente de olho. Agora mesmo a prefeitura está organizando uma discussão de um plano diretor na área e, se nós, pescadores, não estivermos presentes para construir esse plano, a comunidade será engolida”.
A importância do sítio arqueológico de Itaipu é vista como um dos maiores motivos para a preservação da comunidade da região oceânica de Niterói. Em Camboinhas, que formava junto com Itaipu uma praia só, os pescadores artesanais foram muito prejudicados com a especulação imobiliária e a abertura do canal artificial, que terminou definitivamente na década de 80.
Para ajudar a proteger a Baía do Rio de Janeiro, foi criada em setembro de 2013 a Reserva Extrativista da Marinha Itaipu (Resex), pensada em conjunto com a reserva de Arraial do Cabo. A Resex surgiu como munição para preservar não só o recurso pesqueiro, mas a tradição, a cultura e a sustentabilidade das comunidades de pescadores. “A especulação imobiliária e a pesca predatória vêm dizimando essas comunidades pesqueiras. A reserva é uma forma de proteger o sustento de vida dessas comunidades, além de ajudar na criação de programas que melhorem a qualidade de vida das pessoas dentro de uma perspectiva sustentável”, afirmou Jairo Augusto da Silva, liderança da ALPAPI.
Apesar da proteção ambiental, a comunidade de pescadores de Itaipu é vista como um entrave ao modelo econômico incentivado pela especulação imobiliária na região. Seja por assédio financeiro, seja pela contaminação da praia e de rios ou mesmo pelo uso de força através da ação de grileiros, os moradores estão constantemente ameaçados a deixar o local onde vivem e trabalham há gerações.